domingo, 30 de outubro de 2016

O POTE

dias que sou um pote vazio.
Tenho rachaduras antigas,
e dentro delas não passa a luz.
Tenho cor indefinida.
Sou um pote esquecido,
feio, com cheiro de mofo.
Sem uso, sem memória.

Despedaço-me  em mil cacos.
Depois me refaço.
Clamo para Luz de minha alma,
ela refaz minha cor.
Ela escuta minha voz.
Coloca em mim o brilho do amor.

Brota a esperança,
segue a mudança...
Releio minha história.
Páginas de tristezas...
Agora, ondas de gloria.



Elisa Alderani

 Publicada na Antologia "LETRAS ATUAIS" Neida Rocha
AS QUATRO ESTAÇÕES

PRIMAVERA
Escutando a música de Vivaldi me situo no caminho inverso da vida. Volto ao tempo da primavera, quando tudo em minha volta estava florido, perfumado e belo. Vejo-me sentada na grama perto dum canteiro de gerânios vermelhos, construindo sonhos de criança. Poucos brinquedos, mas muita liberdade para brincar ao ar puro da montanha. Não havia ambições de ter, bastavam poucas coisas para ser feliz. Ouvia pássaros, me encantava olhando as cores das asas das borboletas; agradava-me o perfume da grama recém-cortada. A primavera de minha vida é inesquecível. Tantas lembranças preenchem de infinita harmonia o coração, como esta música, penetrando docemente meu ser de outrora.

VERÃO
O tempo do dever chega repentinamente, o sol está alto no céu. Tudo arde, chegou o verão! Estudo e trabalho, juventude ativa, sem muitas diversões. O olhar fica atento às mudanças, os sonhos da juventude se multiplicam. A música muda o ritmo. Amores platônicos, lindos! Olhos que se encantam, sem saber o porquê. O coração explode a procura de algo, sem saber que é o amor. Arde o verão da vida. As tempestades, de repente, chegam. A chuva de verão passa rápida. Tudo se renova depois do temporal. A realidade pede uma escolha. O verão parece avançar lento, o ar mais quente, a fruta está madura. O encontro com o amor muda o ritmo da música, doa alegrias e lágrimas. A responsabilidade preenche o cesto das frutas para serem saboreadas, nem sempre doces, às vezes amargas. A vida parece parada nesta estação por mais tempo...

OUTONO
Os dias encurtam o passo, e o outono chega sem pressa. Ocorrem mudanças.
Também as  cores da natureza mudam. O bosque fica silencioso, devagar se despe das lindas cores outonais. O vento é culpado por isso, ele derruba as folhas uma a uma, cobrindo o chão árido; soprando uma música diferente. Tudo parece mudar. As flores murcharam, perderam o viço, como o amor, por falta de cuidados. Outono da vida! Somente quem sabe admirar com interesse um lindo por do sol, terá nos olhos o brilho do último raio, que esquentará o seu coração. Eu procurei fazer isso, mas as madrugadas frias já me anunciavam a chegada do inverno...

INVERNO
Sim, o inverno chegou implacável e gelado com o toque de música, mudando o ritmo. Lentamente parece gelar o que restou, com seu branco manto. Tudo fica encoberto. Preciso me preparar com muito cuidado para esta estação. Decorar a alma e o coração com um amor diferente para cuidar de mim, sem desmaiar pelo frio que já está às portas. Ficar ao reparo das intempéries que surgem assim, do nada. A natureza não perdoa, ela tem que completar seu ciclo.
Uma vida bem equilibrada, promete um inverno tranquilo...
As  sementes da primavera das lembranças germinarão novamente, perfumadas como flores de outrora, em meu coração.
Os frutos dos afetos do verão estarão presentes para preencher o vazio e colocar em meus lábios, apesar das marcas do tempo, o sorriso; os dias tristes do outono serão esquecidos com o calor do último raio de sol.
O inverno achará o abrigo quente do meu coração, escutando novamente a música que fala das estações de minha vida.


Elisa Alderani        (enviada Varal B. 1/03/016

domingo, 27 de dezembro de 2015

A MAGIA DA NOITE DE NATAL

Depois de muito tempo de ausência preciso atualiz com alguns textos mais recentes. Nada melhor que lebrança de um Natal que já ficou bem longe no tempo, mas sempre atual. Tempo de saudades!
Boa leitura...
A MAGIA DA NOITE DE NATAL

      Quando era criança ninguém tinha medo de andar no escuro e o caminho a percorrer para chegar a Igreja era bem longo. As sombras das árvores se projetavam à nossa frente, nos rodeavam e nós seguíamos tranquilamente na noite santa para ir à Missa do Galo, assim chamada aqui no Brasil e que antigamente era celebrada à meia noite. Muitas vezes, nas vésperas do Natal já havia caído neve e isso tornava a noite mais silenciosa. O barulho dos passos era abafado; a paisagem linda. Ao longe se viam as luzes do pequeno lugarejo, no cume a Igreja, e o clima do verdadeiro do Natal invadiam os corações. A gente caminhava às pressas para chegar logo, e voltava cantando com a alma cheia de jubilo natalino. Havia em nosso ser a felicidade da simplicidade, da paz, da amizade, do calor da família de espírito de verdadeiro cristão. Chegando em casa, com os pés molhados e gelados, a mãe nos colocava perto do fogão a lenha que tinha deixado abastecido e ainda emanava calor. Em cima dele haviam grandes panelas com caldos, ou com carne já quase assada para a ceia de Natal. Lembro-­me das comidas com cheiros deliciosos. As horas já haviam passado rapidamente, mas ganhávamos uma fatia de panetone e um pequeno gole de vinho doce. Depois precisávamos deitar logo porque o Menino Jesus, se nos encontrasse acordados não deixaria presentes. Assim se foram os anos da inocência, da pureza e doçura de muitos Natais. Quando na manhã seguinte, debaixo da árvore de pinheiro verdadeiro, encontrávamos nossos presentes, talvez pobres, ficávamos muito felizes... Na cozinha quente os cheiros gostosos do café, dos doces que estavam na mesa misturavam-­se com as das tangerinas penduradas na árvore. Havia este costume de pendurar frutas, balas, bombons de chocolates, enfeitados com fitas douradas. Nós escolhíamos qual comer primeiro, era uma festa! Da vidraça da cozinha podíamos ver o jardim; e a neve que havia caído durante a noite e deixava nos galhos das árvores uns lindos bordados, uma branca e luminosa pintura. Hoje, sozinha, à frente do pequeno presépio Jesus dorme. A noite aqui não é silenciosa. Véspera de Natal com outros costumes!



Noite de Natal 2015

sábado, 31 de maio de 2014

PREMIAÇÃO JOGOS FLORAIS DE RIBEIRÃO PRETO 2014

Este evento faz parte da Feria do Livro, pois no penúltimo dia tivemos a premiação dos trovadores que participaram' dos "JOGOS FLORAIS"...
Como sempre o grupo do SESC "CANTORES E CANTIGAS" participam com entusiasmo!








 a penúltima foto fui tirada no estande dos "autores locais" com as amigas amigas:: Gaiô. Nely, Marlene, eu e Lúzia Madalena!
No dia anterior tivemos a Palestra sublime "FALANDO DE TROVAS" com os trovadore convidados da UBT, Domitilla Beltrame, e J.B. Xavier... nas fotos a seguir...












14ª FEIRA DO LIVRO DE RIBEIRÃO PRETO

O mês de maio está se encerrando com boas lembranças.
Uma participação ativa a Feira do livro 2014 que me trouxe muitas satisfações, seja na escuta das palestras de escritores e personagens importantes do mundo da literatura nacional, e dos autores locais. Todo o evento foi bem administrado em vários locais seja na praça, que nas bibliotecas, teatros e estande dos Autores locais.
Tivemos um estande muito frequentado com palestras, debates, saraus e lançamentos de livros.
Foram debatidos diferentes temas interessantes e atuais. Foram abordados o que mais precisam ser discutidos, como a educação, a leitura, os idosos, os excluídos e as crianças. O principal foi de aumentar o numero de leitores neste nosso País, que ainda anda carente de cultura.
Na esplanada do Teatro, coração de Ribeirão Preto bateu mais forte, reinou um clima de Paz verdadeira, de cultura e de arte. Foram muitos os encontros prazerosos de amigos, as entrevistas, os abraços e os aplausos!
Parabéns para os organizadores do grande evento: autoridades, escritores, colaboradores e aos cidadãos ribeirão-pretanos, que participaram ativamente da décima quarta FEIRA DO LIVRO 2014!
 "SALÃO DE IDEIAS" Com Dr.Nelson Jacintho, Alex Dias, Proff. Edson Garcia Soarez e eu...falando sobre projetos para participação dos idosos a vida social. 


quarta-feira, 28 de maio de 2014

UMA CRÔNICA ANTIGA...

OS SONHOS
Sexta feira. A semana está terminando. Acordo serenamente e depois do desjejum, eu programo meus afazeres rotineiros. Começa assim meu dia. Absorta nesses pensamentos, de repente o telefone toca. Uma voz do outro lado me anuncia ser eu a vencedora de um concurso. Fico muito feliz, e levanto os braços e soltando um grito de alegria. Ninguém está em casa para dividir comigo a bela notícia do dia.  Mais um sonho realizado!
Aproximo-me da janela e recolho os primeiros raios de sol agradecendo a Deus pela vida por mais uma vitória e por tudo que Ele me doa a cada dia. Parece que ouço um sino tocar em minha cabeça... Paro e faço uma revisão repentina do percurso de minha vida; de como ela foi passando até agora, e como eu sou de verdade. Com acertos e atropelos descobrimos aos pouco como somos na realidade. O caminho foi comprido, mas valeu à pena. Sinto-me realizada por ter tido a coragem de avançar sempre, perseguindo meus sonhos, lutando para que se tornassem reais. Puxo o fio da memória e minha história desenrola o novelo de minha vida.
Venci a primeira batalha no ventre de minha mãe, na corrida para me tornar mulher. Meus pais me deram um nome. Gosto dele e procurei o significado, pois sou uma pessoa muito curiosa.
Meu signo é de peixes. Sou sonhadora, muitas vezes ando nas nuvens; meus sonhos podem demorar um pouco, mas sendo eu otimista, tornam-se realidade. Talvez seja por isso que, de vez em quando, viajo com a fantasia. Além das tarefas corriqueiras, gosto muito de ler e de escrever. São minhas tarefas diárias.
Felicidade não é só uma palavra para mim; eu escolho ser feliz. O sorriso para mim é fácil, simplesmente brota nos meus lábios como uma flor na primavera. Não me importo se em minha volta sinto a indiferença alheia.
Paciente eu sei que sou até um determinado limite. A vida me ensinou ter autoestima. Sei falar também: agora chega! Faltando o respeito, sei virar o jogo com classe, não gosto de discussões. Aprecio o diálogo.
            Aprendi que a vida é um permanente recomeço. Com a ajuda da Fé, recomecei com coragem muitas vezes... sem perder de vista meu sonho!
Não deixo a solidão me pegar de surpresa. Talvez a encontre, mas ando com ela de mãos dadas, e juntas caminhamos em boa companhia, e assim sigo em frente.
Meus trajes dependem das circunstâncias, são simples, e discretos.
Sou caridosa e companheira; amo as pessoas idosas e as crianças.
Gosto de silêncio, de orações. Sei que tenho Fé, e a pratico com coração sincero. Tenho também defeitos, perfeição só os santos a alcançaram.
Sei cultivar as amizades, elas são as flores que rego cada dia. Amo minha família, respeito às opiniões das pessoas, pois cada uma tem seu jeito de ser.
A janela ficou aberta e o barulho de um ônibus brecando me acorda do devaneio, olho em minha volta. O tempo passou, o dia me espera. Tenho que virar mais uma página de minha vida, ninguém pode fazê-lo por mim, sou a responsável do resultado final do meu trabalho. Minha escolha é livre, mas tenho que seguir a reta de ser eu mesma a protagonista até o fim, na luta continua para realizar sempre meus sonhos!

Elisa Alderani     - REVISTA VARAL BRASIL – JANEIRO 2014.